segunda-feira, 29 de abril de 2013





Será que eu existo? Será que algum gênio maligno me engana, me fazendo imaginar que existo?”.
(Descartes – usando a dúvida hiperbólica, para criar seu método).




REFLEXÃO FILOSÓFICA
Descartes
A descoberta da Subjetividade.

Se sou enganado, penso; se penso, existo. E, se penso, sou uma” coisa pensante “, o que me leva da subjetividade do pensar à objetividade da coisa, do ser que pensa”.

O mais famoso cogito, Descartes usou a razão a partir da duvido da hiperbólica.


Objetivamente tentaremos explicitar o método usado por Descartes. A matematização pressupõe que tudo o que é desconhecido pode ser conhecido; basta usar o método. Portanto este foi o grande dilema para a filosofia moderna, o problema do conhecimento torna-se crucial para o exame da capacidade humana de conhecer, pelo próprio entendimento o estudo da razão humana ou o nosso intelecto. Foi o ponto de partida dos filósofos modernos, é o sujeito do conhecimento. O francês René Descartes foi um destes filósofos que propõe, pela primeira vez, uma teoria do conhecimento propriamente dita. Podemos assim dizer que a partir do século XVII, portanto a teoria do conhecimento torna-se uma disciplina crucial da filosofia.
A 10 de novembro de 1619, sonhos maravilhosos advertem que está destinado a unificar todos os conhecimentos humanos por meio de uma "ciência admirável" da qual será o inventor. Mas ele aguardou até 1628 para escrever um pequeno livro em latim, as "Regras para a direção do espírito". A ideia fundamental que aí se encontra é a de que a unidade do espírito humano (qualquer que seja a diversidade dos objetos da pesquisa) deve permitir a invenção de um método universal. Em seguida, Descartes prepara uma obra de física, o Tratado do Mundo, cuja a publicação ele renuncia visto que em 1633 toma conhecimento da condenação de Galileu. É certo que ele nada tem a temer da Inquisição. Entre 1629 e 1649, ele vive na Holanda, país protestante. Mas Descartes, de um lado é católico sincero (embora pouco devoto), de outro, ele antes de tudo quer fugir às querelas e preservar a própria paz.

Cronologia
1596 – Nasce Descartes, em La Haye.
1606 – Entra para o colégio jesuíta de La Fleche.
1610 - Inicio do reinado de Luiz XIII. O coração de Henrique IV é transferido para La Fleche.
1614 - Descartes sai do colégio de La Fleche.
1618 – Inicio da Guerra dos Trinta Anos. Descartes vai para Holanda, onde realiza sua instrução militar sob a direção de Mauricio de Nassau.
1619 - Descartes deixa a Holanda, seguindo para a Dinamarca, depois para a Alemanha.
1620 – Renúncia á vida militar.
1622 – Volta á Franca.
1623 – Viagem á Itália.
1624 – O Cardeal Richelieu entra para o Conselho do Rei e logo se torna chefe desse órgão.
1628 – Descartes escreve as Regras para a Direção do Espírito. Passa a viver na Holanda.
1629 – Harvey, médico inglês, publica a obra Sobre o Movimento do Coração.
1633 – Galileu é condenado pela Inquisição.
1634 – Descartes renuncia à publicação de seu Tratado do Mundo.
1635 – Nasce Francine, filha de Descartes e de Helena talvez uma criada.
1637 – Descartes publica o Discurso do Método.
1641 – Aparecem as Meditações.
1642 – Morre Richelieu.
1644 – Descartes viaja à França.
1647 – Nova viagem à França. Encontro com Pascal.
1648 – Descartes vai outra vez à França.
1649 – Parte para a Suécia, a convite da rainha Cristina.
1650 – Morre em Estocolmo, de pneumonia.

Discurso do Método
(O texto abaixo e uma resenha da obra em questão).

Bom senso ou razão é o poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, é o que nos faz humanos.
A diversidade de nossas opiniões não se origina no fato de serem alguns mais racionais do que outros, mas por dirigirmos nossos pensamentos por caminhos diferentes e não considerarmos as mesmas coisas.
O importante é aplicar o espírito bom. As maiores almas são tanto capazes dos maiores vícios quanto das maiores virtudes. Os que andam de vagar pelo caminho certo podem avançar bem mais do que outros que correm por caminhos diferentes.
Para o aperfeiçoamento do espírito, desejei ter o pensamento rápido, a imaginação clara e diferente, a memória abrangente e pronta.
Determinados caminhos levam a considerações e máximos que formam um método que consegue aumentar de forma gradativa o conhecimento, que a mediocridade do espírito e a duração da vida permitem alcançar: a procura da verdade.
O caminho das letras é incerto. A matemática tem invenções bastante sutis que melhor levam a verdade, devido à certeza e a evidencia de suas razões.
Aqueles, de raciocínio ativo e que melhor ordenam os seus pensamentos, com o intuito de torná-los claros e inteligíveis, convencem melhor o próximo daquilo que propõem.
Encontrar mais verdade nos raciocínios que cada um forma no que se refere aos negócios que lhe interessam. Diferenciar o verdadeiro do falso. Estudar no livro da vida e depois a mim próprio, a procura de caminhos para seguir.
Não existe tanta perfeição nas obras formadas por várias peças, e feitas pelas mãos de diversos mestres, como naquela em que um só trabalhou.
Os povos que haviam sido semi-selvagens e só há pouco tempo foram se civilizando, elabora suas leis apenas a medida da necessidade, não podiam fazer tão bons policiais, como aqueles que, desde o instante que se reuniram, obedeceram as leis de algum prudente legislador.
É justo que o estado da verdadeira religião, cujas ordenanças sós Deus fez, deve ser incomparavelmente melhor regulamentado do que todos os outros.

Se, Esparta foi na antiguidade muito florescente, não o deveu à bondade de cada uma de suas leis em particular, já que muitas eram bastante impróprias e até mesmo contrárias aos bons costumes, mas a foto de que foram cridas por um único homem, tendiam todas ao mesmo fim. As compostas com opiniões de muitas e diferentes pessoas, não se encontram, de forma alguma, tão próximas da verdade, quanto os simples raciocínios de um homem de bom senso.
Todos nós fomos crianças antes de sermos adultos, por muito tempo foi necessário sermos governados por nossos apetites e preceptores, com freqüência contrária uns aos outros, e que, nem uns e nem outros, nem sempre, talvez nos aconselhassem o melhor, é quase impossível que nossos juízos sejam tão puros ou tão firmes como seriam se pudéssemos utilizar totalmente a nossa razão desde o nascimento.
Entretanto, não seria razoável um particular reformar um Estado, mudando-o em tudo desde os alicerces e derrubando-o para em seguida reerguê-lo. Os grandes caminhos, que serpenteiam entre montanhas, se tornam pouco a pouco tão batidos e tão cômodos de serem frequentados  que é preferível segui-los a tentar ir mais reto, escalando os rochedos e descendo até o fundo dos precipícios.
Não aconselho ninguém a seguir minha obra. Se eu tivesse um único mestre, ou se nada soubesse das diferenças que existiram em todos os tempos e entre opiniões de eruditos... A pluralidade das vozes não é prova que valha algo para as verdades um pouco difíceis de descobrir, por ser bastante mais provável que um único homem a tenha descoberto do que todo um povo: eu não podia escolher ninguém cujas opiniões me parecessem dever ser preferidas às de outros, e achava-me como coagido a tentar eu próprio dirigir-me. Igual a um homem que caminha solitário e na absoluta escuridão, decide ir tão lentamente, e usar de tanta ponderação em todas as coisas, que, mesmo se avançasse muito pouco, ao menos evitaria cair. 
Não quis de maneira alguma começar rejeitando inteiramente qualquer uma das opiniões que por acaso haviam se insinuado outrora em minha confiança, sem que aí fossem introduzidas pela razão, antes de gastar bastante tempo em elaborar o projeto da obra que iria empreender, e em procurar o verdadeiro método para chegar ao conhecimento de todas as coisas de que meu espírito fosse capaz.
Pareciam poder contribuir com algo para o meu propósito:
1.                  Filosofia
2.                 Lógica
3.                 Matemática (geometria, álgebra).

No entanto percebi:

Lógica, seus silogismos e outros preceitos servem mais para explicar aos outros as coisas já conhecidas, para falar, sem formar juízo daquelas que são ignoradas, do que para conhecê-las.

A analise do antigo e álgebra dos modernos, além de se estenderem a apenas assuntos muito abstratos, e de não parecerem de utilidade alguma:

1.                  Permanece ligada à consideração das figuras que pode propiciar a compreensão sem cansar muita a imaginação
2.                 Esteve-se de tal maneira sujeito a determinadas regras e cifras que se fez dela uma arte confusa e obscura que atrapalha o espírito, em vez de uma ciência que o cultiva.
Por este motivo, considerei ser necessário buscar algum outro método que, contendo as vantagens destes três, estivesse desembaraçado de seus efeitos. E, como a grande quantidade de leis fornece com freqüência justificativas aos vícios, de forma que um Estado é mais bem dirigido quando, apesar de possuir muito pouco delas, são estritamente cumpridas; portanto, em lugar desse grande número de preceitos de que se compõe à lógica, achei que me seria suficiente os quatro seguintes:

1.                  Nunca aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse claramente como tal: ou seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a prevenção, e de nada fazer constar de meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito que eu não tivesse motivo algum de duvidar dele.
2.                 Repartir cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias a fim de melhor solucioná-las.
3.                 Conduzir por ordem meus pensamentos, iniciando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-me, pouco a pouco, como galgando degraus, até o conhecimento do mais composto, e presumindo até mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros.
4.                 Efetuar em toda parte relações metódicas tão completas e revisões tão gerais nas quais eu tivesse a certeza de nada omitir.

Todas as coisas com a possibilidade de serem conhecidas pelos homens seguem-se umas às outras do mesmo modo e que, uma vez que nos abstemos apenas de aceitar por verdadeiro qualquer uma que não o seja, e que observamos sempre a ordem necessária para deduzi-las umas das outras, não pode existir nenhuma delas tão afastada a que não se chegue ao final, nem tão escondida que não se descubra.

Considerando que, entre todos os que anteriormente procuraram a verdade nas ciências, apenas os matemáticos puderam encontrar algumas demonstrações certas e evidentes, não duvidei de modo algum que fosse pelas mesmas que eles analisaram: apesar de não esperar disso nenhuma outra utilidade, salvo a que habituaria meu espírito a se alimentar de verdades e a não se satisfazer com falsas razões.


A exata observação desses poucos preceitos me deu tal facilidade de desenredar todas as questões às quais se estendem essas duas ciências.

Conclusão

A subjetividade em Descartes

 A subjetividade em Descartes aparece como um registro totalmente novo, jamais uma pessoa vai tão fundo na questão da verdade, partindo da duvida metódica ele chega a uma definição que vai nortear toda a filosofia. Ele coloca a questão crucial de que tudo que sabemos ou sétimos pode não ter status de verdade tudo pode não passar de idéias infiltradas pelo "gênio maligno" nome dado por Descartes à tendência que em os homens a se enganar com algumas coisas.

Então Descartes partindo da estaca zero formula o que seria a sua descoberta da subjetividade: "Duvido; logo penso" nessa frase que nasceu quando, Descartes estava sozinho em seu quarto aquecido, a ideia de que entre todas as coisas que podem surgir na mente apenas uma pode ter status de verdade e isto é o fato de duvidar; ninguém pode dizer que seja falso negar que estou duvidando. A partir deste fato Descartes afirma que o pensamento é um dado confiável e que a partir dele podem-se basear as estruturas para erigir um pensamento mais seguro.

A procura de por uma base sólida onde poderia assentar os fundamentos do conhecimento era para Descartes de vital importância. Descartes vinha de um período de extrema revoluções: a procura por modelos cosmológico que explicasse o universo, vide as tentativas de Galileu em explicar a rotação e translação da terra em volta do sol, a física de Kepler com as órbitas dos planetas sem falar da revolução proposta por Newton com as leis da mecânica e da gravitação universal após 40 anos da morte de Descartes.

Descartes poderia ser situado entre a fase medieval e a moderna em termos históricos ele permitiu que a ciência procurasse outra vias para seu desenvolvimento com ele surgiram a filosofia do calibre de um Kant e um Hegel, porem a filosofia de Descartes originou diversas criticas como a dos racionalistas empiricistas como Francis, Bacon, Hobbes, Locke, Berkeley e Hume.

No nosso tempo tem gerado grandes controvérsias os "erros de Descartes" alguns já refutados como a circulação do sangue pela medicina moderna e outros conceitos que ainda não foram totalmente expurgados como os conceitos de corpo e mente vide as grandes divisões que existem entre as ciências humanas, biológicas e exatas. Talvez a maior metáfora que possamos extrair do pensamento de Descartes seria da mente como sendo o software e o cérebro como hardware e o restante do corpo como periféricos.

 

Bibliografia

CHAUÍ, Marilena.Convite à Filosofia, 13ª edição São Paulo, editora atica, 2003 pp 127/128.

CUNHA, Eliel Silveira. FLORINDO, Janice. Os Pensadores, Grandes Filósofos Biografias e obras, São Paulo, editora Nova Cultural ltda, 2005 pp 126/127.

VALERY, Paul. Biblioteca do Pensamento Vivo, Descartes, tradução, Maria de Lurdes Texeira, São Paulo, livraria Martins Editora, 1967.

KOYRE,Alexandre:Considerações sobre Descartes,ed. Presença 1986 – Lisboa – Portugal, 93 p.

COTTINGHAM,John:A filosofia de Descartes,ed.Ediçôes 70 1989 – Rio de Janeiro-RJ, 221 p.

ZILLES, Urbano: Teoria do Conhecimento, ed. Edipucrs, 1994 – Porto Alegre. 170 p. – (Serie Filosofia; 21).

Nenhum comentário:

Postar um comentário